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Transformações e Suas Inversas | Funções Vetoriais de Várias Variáveis

Nesse artigo queremos apresentar uma introdução às funções vetoriais de várias variáveis, também chamadas de aplicações ou transformações.

Os termos aplicação transformação são sinônimos de função e várias vezes são utilizadas para diferenciar as funções vetoriais de várias variáveis das demais.

Funções Vetoriais de Várias Variáveis Introdução. Transformações Lineares e Bilineares

Esta função associa cada n-upla ordenada (x_1,x_2, ..., x_n) \in A a um único vetor f(x_1,x_2, ..., x_n) \in \mathbb{R}^m, sendo m e n dois naturais diferentes de zero.

Uma função de n variáveis reais a valores vetoriais em \mathbb{R}^m é uma função f:A\rightarrow \mathbb{R}^m, onde A é um subconjunto não vazio de \mathbb{R}^n, denominado domínio de f.

O conjunto $$\left\{ f(x_1,x_2, …, x_n) \in \mathbb{R}^m; (x_1,x_2, …, x_n) \in A \right\}$$ é denominado imagem de f.

campos vetoriais

EXEMPLO

Seja f:\mathbb{R}^2 \rightarrow \mathbb{R}^3 dada por f(u,v) = (u, v, u^2 + v^2).

  • Domínio de f: D_f = \mathbb{R}^2
  • Imagem de f: Im_f = \left\{ (u, v, u^2 + v^2) \in \mathbb{R}^m; (u,v) \in \mathbb{R}^2 \right\}

É interessante observar que a imagem desta função descreve uma superfície no espaço que é um paraboloide.

EXEMPLO (Coordenadas Polares)

Considere a função \varphi: \mathbb{R} ^2 \rightarrow \mathbb{R} ^2 , tal que \varphi (\theta, \rho ) = ( \rho cos ( \theta), \rho sen ( \theta)) .

É interessante observar que, neste caso, as funções componentes são dadas por x( \rho, \theta) = \rho cos ( \theta) e y ( \rho, \theta) =  \rho sen ( \theta) e que esta transformação leva retas e retângulos do plano \theta 0 \rho em circunferências e círculos no plano x 0 y , respectivamente.

Aplicações Inversas

As aplicações biunívocas são muito importantes porque elas possuem inversas.

Seja f uma aplicação biunívoca com domínio D e imagem E. Dado um ponto Q em E existe um só ponto P em D tal que f(P) = Q . Esse ponto P é definido como a imagem de Q pela aplicação inversa f^{-1} (Q) = P . Portanto, $$ P = f^{-1} (Q)  \Leftrightarrow f(P) = Q .$$

EXEMPLO (Uma Transformação Linear)

Vamos considerar a transformação de f dada pelas equações $$ z = ax +by $$ $$ w = cx + dy, $$ onde a, b, c e d são constantes não nulas.

Esta aplicação tem a interessante propriedade de transformar restas em retas. De fato, os ponto P(x,y) de uma reta satisfazem equações paramétricas $$ x = mt + n, $$ $$ y = pt + q , $$ onde m, n, p e q são constantes e t é o parâmetro.

Substituindo-se essas equações  no primeiro sistema obtemos as coordenadas do ponto f(P) = Q na fora $$ z = (am+bp)t + (an +bq), $$ $$ w = (cm +dp)t + (cn + dq), $$ que são, novamente, equações paramétricas de uma reta.

Por essa razão, uma transformação dada por $$ f(x,y) = (ax +by ,  cx + dy) $$  é chamada transformação linear.

Finalmente, notamos que esta transformação será invertível se, e somente se, ad - bc \neq 0o .

Transformação Linear

Uma transformação \vec{f} é dita linear se satisfaz as propriedades:

1) \vec{f } (x + y) = \vec{f} (x) + \vec{f} (y) ;

2) \vec{ f } (t x) = t \vec{f} (x) ;

Estas equações exprimem a linearidade da aplicação \vec{f} como este conceito costuma ser definido na Álgebra Linear.

EXEMPLO

Uma aplicação linear f no espaço \mathbb{R} ^3 é dada pelas fórmulas de transformação $$u = a_1 x + b_1 y + c_1 z ,$$ $$v = a_2 x + b_2 y + c_2 z ,$$ $$ w = a_3 x + b_3 y + c_3 z .$$

É fácil verificar, como no exemplo anterior, que esta aplicação transforma retas em retas e planos em planos. Além disso, ela também satisfaz as propriedades de linearidade enunciadas acima.

EXEMPLO (A Transformação por Raios Vetores Recíprocos ou Transformação de Kelvin)

Vamos descrever a transformação por reflexão no círculo unitário, também chamada transformação por raios vetores recíprocos ou transformação de Kelvin. 


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Dado P \neq \vec{0} , sua imagem f(P) é o ponto Q sobre o raio OP, satisfazendo a condição OQ = \dfrac{1}{OP} , como na figura abaixo:

Transformação de Kelvin

O ponto Q é chamado a imagem refletida de P no círculo unitário. Essa transformação f leva o exterior do círculo unitário de centro na origem no seu interior e vice-versa.

Ela deixa invariantes os pontos da circunferência desse círculo (ou seja, f(P) = P se | P | =1 ) Além disso, f(P) \rightarrow 0 com P \rightarrow \infty e f(P) \rightarrow \infty com P \rightarrow 0 .

Vamos determinar as equações que relacionam x e y a u e v onde x e y são as coordenadas de P , e u e v as coordenadas de Q = f(P) . Para isso notamos que OQ = \kappa OP, \qquad \kappa >0 e OQ = \dfrac{1}{OP} . Então $$ u^2 + v^2 = \kappa ^2 (x^2 + y^2 )  $$ e $$ u^2 + v^2 = (x^2 + y^2)^{-1}, $$ donde obtemos \kappa = (x^2 + y^2)^{-1} , portanto, $$ u = \frac{x}{x^2 + y^2} $$ e $$ v = \frac{y}{x^2 + y^2} .$$

De modo análogo, a transformação inversa é dada por $$ x = \frac{u}{u^2 + v^2} $$ e $$ y = \frac{v}{u^2 + v^2} .$$

Note-se que f = f^{-1} , isto é, a transformação f coincide com sua inversa. Por essa razão os pontos P e Q = f(P) são ditos conjugados um do outro.

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