O Espaço euclidiano é um espaço em qualquer número finito de dimensões, no qual os pontos são designados por coordenadas (uma para cada dimensão) e a distância entre dois pontos é dada por uma fórmula de distância.
Esta é a única concepção de espaço físico por mais de 2.000 anos, e continua sendo a forma mais atraente e útil de modelar o mundo como ele é vivido. Embora os espaços não euclidianos, como os que emergem da geometria elíptica e da geometria hiperbólica, tenham levado os cientistas a uma melhor compreensão do universo e da própria matemática, o espaço euclidiano continua sendo o ponto de partida para seu estudo.
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Os espaço euclidiano n-dimensional é o produto cartesiano de n fatores iguais a \mathbb{R}. Ou seja,
- \mathbb{R}^2 = \mathbb{R} \times \mathbb{R}. Pode ser geometricamente representado pelo plano cartesiano.
- \mathbb{R}^3 = \mathbb{R} \times \mathbb{R} \times \mathbb{R}. Pode ser geometricamente representado pelo eixo tridimensional.
Um elemento do espaço \mathbb{R}^n é denominado vetor e um elemento x é representado pela n-upla x=(x_1, x_2, x_3, ..., x_n).
Operações Elementares no Espaço Euclidiano
Sejam x=(x_1, x_2, x_3, ..., x_n) e y=(y_1, y_2, y_3, ..., y_n) dois elementos quaisquer do espaço \mathbb{R}^n e \lambda um escalar qualquer.
Definimos:
- x\pm y é um elemento do espaço \mathbb{R}^n e $$x\pm y = (x_1\pm y_1, x_2\pm y_2, x_3\pm y_3, …, x_n \pm y_n)$$
- o produto do escalar de \lambda com o vetor x, denotado por \lambda x, é um elemento do espaço \mathbb{R}^n dado por $$\lambda x = (\lambda x_1, \lambda x_2, \lambda x_3+, …, \lambda x_n)$$
- x=y \Leftrightarrow x_i = y_i para i=1,2,3,...,n
EXEMPLO
Sejam x=(-1,4, \frac{3}{2}), y=(1,0), z=(1,0, 1) e t=(2,1).
Assim, x+y é impossível de ser computado, y-t= (1-2, 0-1) = (-1, -1) e
x+z=(-1-1, 4-0,\frac{3}{2} -1 ) = (0, 4, \frac{1}{2}).
Norma
A norma do vetor x=(x_1, x_2, x_3, ..., x_n) é o número
\begin{equation}
\left\| x \right\| = \left\| (x_1, x_2, x_3, …, x_n) \right\| = \sqrt{x_1 ^2 + x_2 ^2 + … + x_n ^2}.
\end{equation}
Geometricamente, a norma representa o tamanho do vetor que tem origem em (0,0,0,0,0,...,0) e fim no ponto (x_1, x_2, x_3, ..., x_n).
PROPRIEDADES DA NORMA:
Dados os vetores no espaço \mathbb{R}^n, x=(x_1, x_2, x_3, ..., x_n), y=(y_1, y_2, y_3, ..., y_n), e z=(z_1, z_2, z_3, ..., z_n) e seja \lambda um escalar, então temos as seguintes propriedades:
- \left\| x \right\| \geq 0
- \left\| x \right\| = 0 \Leftrightarrow x = (0,0,0,...,0)
- [/katex] \left \| \lambda x \right\| = | \lambda | \left\| x \right\|[/katex]
- \left\| x.y \right\| \leq \left\| x \right\| . \left\| y \right\| (Desigualdade de Cauchy-Schwarz)
- \left\| x+y \right\| \leq \left\| x \right\| + \left\| y \right\| (Desigualdade Triangular)
EXEMPLO:
Calcule a norma dos seguintes vetores
- \|(1,2)\|= \sqrt{1^2 + 2^2}=\sqrt{1+4}=\sqrt{5}
- \|(2,1,3)\|=\sqrt{2^2 + 1^2 + 3^2}=\sqrt{4+1+9}=\sqrt{14}
DISTÂNCIA
A distância entre dois pontos do espaço \mathbb{R}^n, x=(x_1, x_2, x_3) e y=(y_1, y_2, y_3) é dada por
\begin{eqnarray}
d(x,y) & = & \left\|x-y\right\| \\
& = & \sqrt{(x_1-y_1)^2 +(x_2-y_2)^2+…+ (x_n-y_n)^2 }
\end{eqnarray}
Como consequência das propriedades da norma podemos garantir que
- A distância entre dois pontos no \mathbb{R}^n é maior que zero.
- A distância entre dois pontos no \mathbb{R}^n será nula se, e somente se, os dois pontos forem iguais.
EXEMPLO
Calcule a distância entre os seguintes pontos.
- A(1,1,1), B(3,3,3)
- A(a,b,c\sqrt{2}), B(b,-a,0)
- A(0,1), B(b,-a)
No primeiro item, temos que $$d(A,B) = \sqrt{(1-3)^2 +(1-3)^2+(1-3)^2 }=\sqrt{12} = 3\sqrt{2}$$
Já no segundo caso, $$d(A,B) = \sqrt{(a-b)^2+(b+a)^2+2}=\sqrt{2a^2+2b^2+2}$$.
Por fim, a terceira distância é dada por $$d(A,B) = \sqrt{b^2 +(1+a)^2}.$$
Produto Escalar
Dados dois vetores x=(x_1, x_2, x_3, ..., x_n) e y=(y_1, y_2, y_3, ..., y_n) no espaço \mathbb{R}^n, o número indicado por $$x.y=x_1.y_1+ x_2.y_2+ x_3.y_3+ …+ x_n.y_n$$ é chamado de produto escalar dos vetores x e y.
Podemos observar que o produto escalar entre dois vetores é um número real ao contrário do que acontecerá ao produto vetorial mais à frente.
EXEMPLO
- O produto escalar dos vetores (2,3) e (1,5) é $$(2,3).(1,5)=2.1+3.5=17.$$
- o produto escalar dos vetores (2,3-1) e (1,5,0) é $$(2,3,-1).(1,5,0)=2.1+3.5+(-1).0=17.$$
- O produto escalar dos vetores (2,3) e (1,5,0) não pode ser computado.
Propriedades do Produto Escalar
Dados os vetores no espaço \mathbb{R}^n, x=(x_1, x_2, x_3, ..., x_n), y=(y_1, y_2, y_3, ..., y_n), e z=(z_1, z_2, z_3, ..., z_n) e seja \lambda um escalar, então temos as seguintes propriedades:
- x.y = y.x (Comutatividade)
- \left( x+y \right).z = x.z +y.z (Distributividade)
- (\lambda x).y = x.(\lambda y)= \lambda (x.y)
- x.x \geq 0;
- x.x=0 \Leftrightarrow x = (0,0,0,...,0)
- Dois vetores do espaço \mathbb{R}^n são perpendiculares se o produto escalar entre os dois for nulo.
- O vetor 0 = (0,0,0,0,...,0) é perpendicular a qualquer outro vetor do espaço \mathbb{R}^n.
EXEMPLO:
- Como o produto escalar dos vetores (2,3) e (1,5) é $$(2,3).(1,5)=2.1+3.5=17,$$ estes vetores não são perpendiculares.
- Já os vetores (1,0,0) e (0,2,3) são perpendiculares.
Observações importantes
- \left\| x \right\| = \left\| (x_1, x_2, x_3, ..., x_n) \right\| = \sqrt{x.x}
- O ângulo \theta entre os vetores \stackrel{\rightarrow}{x} e \stackrel{\rightarrow}{y} é dado por $$\cos{\theta}=\dfrac{x.y}{\left\|x\right\| \left\|x\right\|}.$$
- Se \theta é o ângulo entre os vetores \stackrel{\rightarrow}{x} e \stackrel{\rightarrow}{y}, então x.y = \left\|x\right\| \left\|x\right\| \cos{\theta}
Produto Vetorial
Sejam x=(x_1, x_2, x_3) e y=(y_1, y_2, y_3) dois vetores do \mathbb{R}^3.
O produto vetorial entre x e y é um vetor, denotado por x \wedge y e definido pelo determinante
\begin{equation}
x \wedge y = \left|
\begin{array}{ccc}
i & j & k \\
x_1 & x_2 & x_3\\
y_1 & y_2 & y_3
\end{array} \right|
\end{equation}
onde i=(1,0,0), j=(0,1,0) e k=(0,0,1)
Observações Importantes:
- Se \theta é o ângulo entre os vetores \stackrel{\rightarrow}{x} e \stackrel{\rightarrow}{y}, então \left\|x \wedge y \right\| = \left\|x\right\| \left\|y\right\| \sin{\theta};
- O produto vetorial x \wedge y é perpendicular a x e a y simultaneamente.
EXEMPLO
Calcule o produto vetorial entre os vetores (1,2,-1)= e (2,1,3)=.
$$\left|
\begin{array}{lcr}
i & j & k \\
1 & 2 & -1\\
2 & 1 & 3
\end{array} \right|=7i-5j-3k=(7, -5, -3)$$
Retas no Espaço Euclidiano R³
A equação da reta que passa pelo ponto x=(x_1, y_1, z_1), na direção do vetor u=(u_1, u_2, u_3) é dada por $$\left\{ \begin{array}{lll}
x & = & x_1 + t u_1\\
y & = & y_1 + t u_2\\
z & = & z_1 + t u_3\\
\end{array}
\right.$$ onde t \in \mathbb{R} é denominado parâmetro. Esta equação pode ser analogamente estendida ao \mathbb{R} ^2.
Observações
- Quando apenas uma das componentes do vetor diretor da reta é nula, então esta reta é paralela ao plano determinado pelos eixos das duas componentes não nulas.
- Se duas componentes do vetor diretor da reta são nulas então esta reta é paralela ao eixo correspondente à componente não nula.
- O ângulo \theta entre duas retas r_1 e r_2 é o menor ângulo formado pelos seus vetores diretores v_1 e v_2 e pode ser encontrado pela relação: $$\cos{\theta} = \dfrac{|v_1 . v_2|}{\| v_1 \| \|v_2 \|}.$$
- Duas retas são paralelas quando seus vetores diretores são paralelos. Uma condição de paralelismo entre duas retas r_1 e r_2 com vetores diretores v_1 = (a_1, b_1, c_1) e v_2 = (a_2, b_2, c_2) é que $$\dfrac{a_1}{a_2} = \dfrac{b_1}{b_2} = \dfrac{c_1}{c_2} $$
- Duas retas r_1 e r_2 com vetores diretores v_1 = (a_1, b_1, c_1) e v_2 = (a_2, b_2, c_2) são ortogonais quando v_1 . v_2 = 0.
Planos no Espaço Euclidiano R³
A equação do plano que passa pelo ponto x=(x_1, y_1, z_1), e tem com vetor normal u=(a, b, c) é dada por
$$a x+b y + c z +d = 0,$$ onde d = -ax_1 - by_1 - cz_1.
Observações:
- Os três coeficientes a,b e c da equação geral ax+by+cz+d=0 representam as componentes de um vetor normal ao plano.
- Se, na equação geral do plano, d=0, então o plano passa pela origem.
- Se apenas uma das componentes do vetor normal ao plano é nula, então o plano é ortogonal a um dos eixos coordenados e paralelo ao eixo corresponde à coordenada nula.
- Se duas componentes do vetor normal ao plano são nulas, então o plano é ortogonal ao eixo correspondente à componente não nula e paralelo ao plano formado pelas outras duas componentes.
- O ângulo entre dois planos é o menor ângulo formado por seus vetores normais.
- Dois planos são paralelos se seus vetores normais são paralelos. Se os dois vetores normais forem ortogonais, então os planos serão ortogonais.
EXEMPLO
O plano de equação x+3y+2z-6 = 0 é perpendicular ao vetor v=(1,3,2) e passa pelos pontos (6,0,0), (0,2,0) e (0,0,3).
A equação deste plano ainda pode ser escrita em sua forma vetorial utilizando dois vetores diretores (0,2,0) - (6,0,0) = (-6,2,0) e [/katex] (0,0,3) – (6,0,0) = (-6, 0, 3)[/katex] e o ponto (6,0,0) da seguinte maneira: $$(x,y,z) = (6,0,0)+\lambda (-6,2,0) + \gamma (-6,0,3)$$
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Note que o vetor normal ao plano deve ser ortogonal a (-6,2,0) e (-6,0,3), simultaneamente.
Este vetor normal é encontrado pelo produto vetorial $$(-6,2,0) \wedge (-6,0,3) = \left|
\begin{array}{ccc}
i & j & k \\
-6 & 2 & 0\\
-6 & 0 & 3
\end{array}
\right| = (6,18,12) = 6(1,3,2),$$ ou seja, obtemos um vetor paralelo ao vetor normal original.
EXEMPLO
Considere dois planos x+2y-3z -10 = 0 e 2x+3y-4z+7 = 0.
Seus respectivos vetores normais são v_1 = (1,3,-3) e v_2 = (2,3,-4).
O ângulo entre os dois planos é dado por $$\cos{\theta} = \dfrac{|v_1 . v_2|}{\| v_1 \| \|v_2 \|} = \dfrac{20}{\sqrt{406}},$$ isto é, \theta = arccos\left( \dfrac{20}{\sqrt{406}} \right) \approx \dfrac{61}{50} \pi.
EXEMPLO
Vamos encontrar a interseção entre os planos x-2y+z-1 = 0 e 3x+y-2z-3 =0.
Neste caso, temos que $$\left\{
\begin{array}{ccc}
x-2y+z-1 & = & 0\\
3x+y-2z-3 & = & 0\\
\end{array} \right.$$ que, por escalonamento, nos dá $$x=1+\dfrac{3}{7}z$$ $$y=\dfrac{5}{7}.$$
Fazendo z = \lambda temos que a interseção destes dois planos é a reta de equações paramétricas:
$$\left\{
\begin{array}{ccc}
x & = & 1+\dfrac{3}{7}\lambda\\
y & = & \dfrac{5}{7}\lambda\\
z & = & \lambda
\end{array}
\right.
$$
Podemos conluir que a reta resultante da interseção dos dois planos é a que passa pelo ponto (1,0,0) na direção do vetor \left( \dfrac{3}{7} , \dfrac{5}{7},1 \right).
Observação:
Existe uma outra maneira de encontrar a direção da reta interseção entre dois planos.
Dados dois planos com vetores normais v e u, o vetor resultante do produto vetorial u \wedge v é o vetor diretor da reta interseção entre os planos.
Os Espaços Euclidianos R² e R³ – Listas de Exercícios Resolvidos
- Os Espaços Euclidianos R² e R³ – 1ª Lista de Exercícios Resolvidos
- Os Espaços Euclidianos R² e R³ | 2ª Lista de Exercícios Resolvidos
- Os Espaços Euclidianos R² e R³ | 3ª Lista de Exercícios Resolvidos
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