Mileva Maric foi a primeira esposa de Albert Einstein. Alguns historiadores defendem que a Teoria da Relatividade, a mais brilhante teoria científica do Século XX, poderia ter sido estruturada matematicamente por ela.
Nascida em Titel-Vojvodina, na Sérvia, em 1875, Mileva Maric sempre fora uma mulher com inteligência notável e era três anos e meio mais velha do Albert Einstein, um homem que sofria de dislexia e era, ao contrário de Mileva, considerado um aluno medíocre. Mileva Maric foi companheira, colega e confidente de Einstein, sendo que sua influência nos anos mais criativos do cientista foi enorme.
Mileva Maric entrou na vida de Einstein em um período crucial de suas realizações científicas e o ajudou em sua empreitada. Sem dúvidas, o casamento de Einstein com Mileva era mais uma parceria intelectual. Einstein admirava a calma, a independência e as ambições intelectuais de Mileva. Ele se considerava sortudo por ter Mileva ao seu lado, “uma criatura que é igual a mim e que é forte e independente como eu”, disse Einstein.
Após o casamento, Mileva subordinou seus objetivos profissionais aos de Einstein. Todavia, ela continuava sendo a principal interlocutora dele em assuntos científicos, junto aos amigos Michele Besso e Marcel Grossman. Nesta época, Einstein dizia para quem quisesse ouvir que era Mileva quem o ajudava nos trabalhos.
A Nossa Teoria da Relatividade
Em 1905, quando casado com Mileva Maric, aos 26 anos, Einstein publicou três contribuições fundamentais para três áreas diferentes da física, um evento único na história da ciência. Em 1921, Einstein recebeu o Prêmio Nobel por essas contribuições.
A parcela destas contribuições que cabia a Mileva Maric é imensurável para a história de sucesso de Einstein. E isso fica claro nas cartas trocadas pelos dois. Por exemplo, enquanto trabalhava no assunto da eletrodinâmica de corpos em movimento, Einstein escreveu a Mileva sobre “nosso trabalho sobre movimento relativo”.
Ambos liam juntos obras clássicas de Boltzmann, Drude, Helmholtz, Herz, Kirchkoff e Osward. Essa leitura teve um papel importante na formação de ambos e era nítido que Einstein e Mileva Maric compartilhavam interesses comuns em física e ciência.
Mileva passou seu semestre de inverno 1897-1898 em Heidelberg, Alemanha. Em sua carta a Einstein escrita de Heidelberg, Mileva expressou seu fascínio por uma palestra do físico alemão Phillip Lenard sobre a relação entre a velocidade das moléculas e a distância percorrida por elas entre colisões, um tópico relevante nos estudos de movimento browniano de Einstein.
Em 1905 Einstein publicou a primeira versão da Teoria da Relatividade Especial. O nome de Mileva Maric constava como co-autora, mas não apareceu nas versões posteriores. Com base nas cartas trocadas pelo casal, nas quais Einstein falava da “nossa teoria”, surgiu a polêmica sobre o motivo do nome dela ser retirado dos créditos.
Há quem diga que seria impossível Einstein criar a teoria sem o intelecto de Mileva Maric. Isso porque Albert Einstein era um prodígio na concepção de abstrações complexas, mas não era tão genial quanto aos detalhes técnicos da matemática de sua teoria. Quando se tratava de exorcizar os demônios dos detalhes matemáticos era Mileva quem era genial e a Teoria da Relatividade Especial possui implicações matemáticas complicadíssimas.
Mileva Maric: Resignada Cientista, Grande Mulher
Em 1896, aos 21 anos, Mileva Maric ingressou no Instituto Politécnico de Zurique, no mesmo ano que Einstein (que já tinha sido rejeitado no ano anterior ao tentar ingressar no instituto). Ela era, naquele ano, a única mulher que iniciava os estudos no prestigiado curso de matemática da Escola de Professores de Matemática e Ciências.
Mileva e o jovem Albert se tornaram próximos rapidamente, mas enquanto Einstein tinha fama de preguiçoso, Mileva Maric cultivava fama de boa aluna, inclusive ajudando-o a entender as demonstrações dos teoremas matemáticos. Logo a admiração mútua se tornou paixão.
Einstein casou-se com Mileva Maric em 6 de janeiro de 1903 e as duas testemunhas do casamento tranquilo foram os membros originais da Academia Olympia, Maurice Solovine e Conrad Habicht. Não houve lua-de-mel e, após o jantar comemorativo em um restaurante local, o casal voltou para sua nova casa na Kramgasse, 49, perto da famosa torre do relógio de Berna.
Eles tiveram três filhos. Sua filha Lieserl nasceu antes do casamento e morreu na infância, sendo um dos segredos escondidos pelas famílias e só temos conhecimento dela por causa das cartas deixadas por Einstein.
Na época da morte de Mileva em 1948, seu filho mais velho, Hans Albert, já era professor de engenharia hidráulica na Universidade da Califórnia em Berkley.
Além deles, o caçula era Eduard Einstein, uma parte do legado particular deixado escondido às sombras do mito de Einstein, como o próprio Seksik, autor do brilhante “O Caso Eduard Einstein”, escreve: “uma criança linda, inteligente e tragicamente louca”.
Eduard Einstein aos vinte anos é internado numa clínica psiquiátrica em Zurique, “o lugar das almas perdidas”, após ser diagnosticado com esquizofrenia, um problema contra o qual lutará até sua morte em 1965. Uma trágica ironia na vida de um admirador de Freud. Eduard queria ser psiquiatra!
Quando fugiu para os Estados Unidos, Albert Einstein, já um físico de renome internacional, deixou Eduard para trás junto a Mileva, a mãe dedicada, que esteve ao lado do filho em todos os momentos difíceis.
Após a morte da ex-esposa, Albert tentou levar o filho para os Estados Unidos, mas as condições psicológicas de Eduard não permitiram. Em todo o período após seu exílio, Albert Einstein visitaria o filho (que perdera a mãe em 1948) apenas uma vez, quando ele já era adulto.
Alguns esquecem e muitos desconhecem que Albert Einstein abandonou a primeira esposa e os dois filhos pouco antes da Primeira Guerra Mundial ser declarada (por causa de uma prima em segundo grau, que fora sua amante, antes de se tornar sua segunda esposa). A esposa com deficiência no quadril e um dos filhos que padeceria mais tarde de esquizofrenia.
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A ida de Einstein para os Estados Unidos como uma fuga da perseguição nazista, e que ele chegou no Novo Mundo quase falido, é mais do que sabido, pois todos os seus bens foram confiscados na Alemanha de Hitler onde, como judeu, seu destino era a morte certa. O que pouco se comenta é que a sobrevivência de Mileva Maric e dos filhos na Europa da época só foi possível após uma conversão religiosa que ajudou a abalar as estruturas do casamento de ambos.
Mileva Maric sempre foi uma pessoa triste e calada, sofria de uma deficiência no quadril, e apesar de sua inteligência privilegiada, teve uma vida difícil. O casamento com Einstein sofreu de forte objeção da família dele, ela viveu numa época de guerras, com a Europa assombrada por guerras violentíssimas, foi abandonada pelo marido (que ajudou a crescer na carreira) com dois filhos, sendo um deles esquizofrênico.
Os cuidados com Eduard afastaram Mileva Maric das ciências e a admiração de Einstein por ela deu lugar a outras paixões. O divórcio veio em 1919 e Einstein casou com a prima que era do agrado de seus pais.
O acordo do divórcio incluía uma clausula em que ele concordava em passar todo o dinheiro ganho com um possível Prêmio Nobel para ela e os filhos (seria este mais um indício da injustiça histórica?). Em 1929 o prêmio veio e com este dinheiro Mileva pode garantir os cuidados do filho mesmo após sua morte.
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